25 abril 2024
Instinto Selvagem
A leitura de Instinto
Selvagem, romance de Richard Osborne baseado no roteiro do filme homônimo
com Sharon Stone, passou tão despercebido que eu nem sabia que havia deixado de
publicar a sua resenha no blog, mesmo tendo lido o livro há mais de dez anos,
ou seja, nos primórdios do “Livros e Opinião”.
Quando comecei a ler o livro, exclamei para mim mesmo:
“Êpa, parece que eu estou assistindo o filme novamente; cena por cena!”. E, de
fato, a impressão que fica registrada na mente do leitor é que a história
escrita por Richard Osborne não foi baseada, mas colada do roteiro de Joe Eszterhas.
Acredito que tenha sido esse o motivo da minha displicência, ao ponto de não
ter escrito a resenha tão logo concluí – diga-se de passagem, aos trancos e
barrancos – a leitura de Instinto
Selvagem. Como não havia gostado muito do filme, arrisquei dar uma lida no
livro, mas ao perceber que se tratava de um copião da produção cinematográfica
de 1992 fui obrigado a reunir toda a minha força de vontade draconiana para
terminar a leitura.
O curioso é que após ter lido a obra e assistido o
filme, resolvi dar algumas zapeadas nas redes sociais, especificamente nos
portais “Interfilmes”, “Adoro Cinema” e “Skoob” para ver as críticas de
leitores e cinéfilos. Acreditem; a maioria delas para não “dizer” quase todas,
eram positivas e tecendo louvores tanto para o filme quanto para o livro. ‘Entonce’,
novamente, exclamei comigo: “Lá vou eu mais uma vez nadando contra a maré!”.
Mas fazer o que? No meu caso, não gostei. Achei a trama fraca; que na minha opinião, só conseguiu se segurar
devido a presença sedutora, fatal e luminosa de Sharon Stone em cena e ao
talento inquestionável de Michael Douglas. Quanto a história em si, não
despertou o meu interesse.
Pois é, aí você dá uma passeada na Internet e vê que a
maioria dos críticos e cinéfilos tratam o filme como uma joia rara lapidada com
comentários do tipo: “uma verdadeira obra prima”, “um thriller policial
inovador mesmo após 30 anos” e por aí afora. Vendo tudo isso, chego à conclusão
de que toda e qualquer tipo de crítica no ramo das artes, especificamente na
literatura e cinema são muito, mas muuuito subjetivas pois tem características
pessoais, individuais. Eu posso amar, mas por outro lado, você pode odiar.
Concluindo: não gostei de Instinto Selvagem lendo ou assistindo; mas pode ser que você adore
a trama.
Ah! Para os poucos que desconhecem o enredo, filme e
livro giram em torno de uma escritora, Catherine Tramell, extremamente sedutora e principal suspeita de
um assassinato. O policial Nick Curran é incumbido de desvendar o crime, mas
fica fortemente atraído por ela, colocando a própria vida em risco. Em resumo é
isso.
Inté!
21 abril 2024
“As Portas de Pedra” e “O Visconde de Bragelonne”; será que serão publicados um dia? Esta indefinição irrita e desanima os leitores
Falando por mim: se há algo que irrita um leitor é ver
a divulgação do lançamento de uma obra tão aguardada ser propagada aos quatro
ventos e depois... nada do lançamento, nada da obra, nada de notícias, enfim,
nada de nada. A chama, antes tão poderosa, simplesmente se apaga. Então, bate o
desespero nesse leitor e ele acaba mostrando a sua identidade secreta, o
super-herói conhecido como o “Garimpeiro da Net”. A partir daí ele começa,
desesperadamente, a caçar migalhas de informações sobre o tal livro que “deixou
de existir”. Pois é, as supostas obras O
Visconde de Bragelone e As Portas de
Pedra conseguiram fazer com que eu me transformasse no “Garimpeiro da Net”.
Só que até agora não consegui garimpar nenhuma informação a qual possa
classificar como segura. Praticamente, elas “dizem” a mesma coisa.
Com relação ao tão aguardado terceiro livro da saga A Crônica do Matador do Rei (The Kingkiller
Chronicle) de Patrick Rothfuss as notícias se assemelham a órbita da terra
ao redor do sol, ou seja, sempre o mesmo movimento, o mesmo blá-blá-blá de
sempre: “Agora, O autor está direcionando a sua atenção para a produção de uma
série de TV baseada nos dois primeiros livros da saga e com isso teve de
deixar, temporariamente, a escrita de “As Portas de Pedra”; “Rothfuss não ficou
satisfeito com o que escreveu e está refazendo parte do enredo”; “leitores-beta
da confiança de Rothfuss começaram a ler os originais para opinarem”; e etc e
mais etc. Lembrando que “O Temor do Sábio”, segundo volume da saga, foi lançado
há aproximadamente 13 anos.
Com relação ao relançamento de O Visconde de Bragelonne – publicado originalmente em 1850 e no
Brasil em 1954 e 1963 numa “porrada de volumes”; acho que 13 - as “pedras a
serem garimpadas” são ainda mais escassas porque as informações iniciais de que
a Zahar iria relançar a obra de Alexandre Dumas numa edição luxuosa e com
tradução atualizada, simplesmente se evaporou. Estas informações iniciais
surgiram pouco depois do relançamento de O
Conde de Montecristo, em 2020, numa edição que encheu os olhos dos fãs de
Dumas. Depois disso, as notas sobre o assunto foram ficando cada vez mais
diminutas até desaparecerem.
Comparo esta situação envolvendo O Visconde de Bragelonne e As
Portas de Pedras como algo semelhante ao de aproximar um doce delicioso
perto da boca de uma criança e no momento em que ela for saboreá-lo, você
simplesmente, afasta esse doce e o esconde ou então, joga fora. Olha... cara, é
muita maldade.
E assim, ficamos nós na expectativa, se é que pode
haver uma expectativa, dos lançamentos dos tão aguardados livros de Rothfuss e
Dumas.
Quando eles chegarão? Só Deus sabe.
17 abril 2024
Cinco vinganças terríveis que aconteceram nos livros
Quando o assunto é vingança ou dar o troco em quem te
fez sofrer, sei que é errado não pensar como o imperador romano Marco Antônio
que ficou conhecido pela sua célebre frase: “A melhor vingança é não ser como o
seu inimigo”; mas cá entre nós, se essa premissa fosse usada pela maioria dos
autores de livros, as histórias de vingança seriam uma lástima e com certeza
esses livros ficariam empacados nas estantes das livrarias em todo o mundo.
Cara, vingança na literatura é fazer totalmente o
contrário do que propôs Marco Antônio. E não me diga que você por mais certinho
ou certinha que seja não vibra quando aquele personagem que comeu o pão que o
diabo amassou por culpa de um outro personagem espírito de porco resolve dar o
troco? Claro que vibra!
O tema vingança é um dos mais explorados
pelos autores que escreveram livros que se tornaram campeões de vendas;
verdadeiros Bestsellers.
No post de hoje selecionei cinco histórias de vingança
que ... sei que é errado “dizer” isso; mas que ‘deixaram os leitores muito
felizes’. Vamos conferi-las.
01
– O Pau (Fernanda Young)
A saudosa escritora, roteirista e apresentadora
carioca Fernanda Young que morreu em 2019 após sofrer um ataque de asma,
contemplou os seus leitores com esta obra fantástica lançada em 2009. Em O Pau, Young conta a história de Adriana,
uma bela designer de joias que descobre sinais da traição do namorado, 14 anos
mais novo.
Adriana tem 38 anos e apesar de sua carreira de
sucesso sofre com as inseguranças que atingem boa parte das mulheres de sua
idade. O corpo, embora cuidado com esmero, não tem mais a firmeza encontrada
nas meninas de 20. No rosto, começam a despontar as primeiras marcas de
expressão, e temores como o aumento do grau dos óculos para vista cansada são
uma constante.
As sucessivas decepções amorosas deixaram a personagem
desconfiada e agora mais ainda já que o seu parceiro é muito mais jovem do que
ela. Os dois se entendem muito bem, mas numa noite quando está sozinha na casa
do namorado, ao verificar o celular dele, após emitir o som de recebimento de
mensagens, ela constata a chegada de um SMS sem nome.
Adriana fica hiper-desconfiada e resolve investigar.
Tá. Advinhe o que ela descobre? Que o seu namorado bem mais jovem, e bonitão a
está traindo com uma modelo bem mais jovem do que ela, aliás, muuuuito mais
jovem. A partir daí ela resolve arquitetar a sua vingança, direcionada para
algo que o seu namorado traidor preza muito, aliás algo que não só ele, mas que
os homens prezam muito. Entendeu? Não? Então, é só ler o título do livro. Que vingança. Brrrrrrrr!!!
Editora:
Rocco
Ano:
2009
Capa:
Comum
Páginas:
184
02
– Carrie, A Estranha (Stephen King)
Cara, essa menina é fodástica. No auge da ira de sua
vingança, ela conseguiu destruir, praticamente, uma cidade inteira! Carrie é
uma jovem tímida, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de
levar uma vida comum. No dia de sua formatura, descobre que possui poderes
telecinéticos quando os jovens mais populares da escola a humilham diante de
todos. Então.... Bummmmmm!!! A bomba chamada Carrie explode.
Ambientado principalmente no ano de 1979, o enredo
criado pelo mestre do terror e suspense, Stephen King, gira em torno da
homônima Carrie White, uma garota do ensino médio desajustada, impopular e sem
amigos, intimidada e abusada frequentemente pela sua mãe fanática religiosa,
que depois de ser levada ao limite durante o seu baile de formatura, onde todos
a humilham no palco, na frente de uma multidão, ela resolve usar os seus
poderes telecinéticos recém-descobertos para se vingar daqueles que a
atormentam. Durante o processo, ela causa um dos piores desastres locais que a
cidade já teve. Veja a resenha da obra
aqui.
Livraço! Adorei!
Editora:
Suma
Ano:
2013
Capa:
Comum
Páginas:
200
03
– O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Bronthe)
Emily Brontë estava muito à frente do seu tempo quando
enfim conseguiu publicar O Morro dos
Ventos Uivantes em 1847, um ano antes de sua morte por tuberculose. Ela conseguiu
escandalizar a sociedade com sua obra ao expor e explorar as feridas dos
personagens. A trama gira em torno de uma história de amor cheia de vícios,
obsessões e violência. Uma narrativa que continua até hoje a assombrar o
leitor. Classifico O Morro dos Ventos
Uivantes como uma história de vingança, ódio e amor selvagem.
No início da trama, o patriarca da família Earnshaw
faz uma viagem e, ao retornar a sua fazenda chamada de Morro dos Ventos
Uivantes, traz consigo um pequeno órfão, que todos acham ser um cigano (sua
procedência, contudo, não é revelada em hora alguma da narrativa). O órfão
recebe o nome de Heathcliff. Rapidamente, toda a atenção que o patriarca lhe
demonstra enciuma seu filho legítimo, Hindley, que acha que está perdendo o
carinho do pai. Contudo, Catherine, a irmã de Hindley, se afeiçoa por
Heathcliff.
Quando o Sr. e a Sra. Earnshaw morrem, Hindley sujeita
Heathcliff a várias humilhações. Este é privado da educação e passa a tornar-se
bruto e melancólico. Apesar do amor entre Heathcliff e Catherine, ela decide
casar-se com Edgar Linton, por estar em uma posição de mais prestígio que
Heathcliff. Ele, então, parte do Morro dos Ventos Uivantes e, ao voltar, muito
rico, promete se vingar de todos aqueles que proibiram o seu relacionamento com
Catherine.
Editora:
Clássicos Zahar; Edição comentada
Ano:
2016
Capa:
Dura
Páginas:
376
04
– Jasão e os Argonautas (Menelaos Stephanides)
Considero a vingança de Medéia uma das mais terríveis
da literatura. Ela, certamente, foi além. Viche!
O mito de Jasão e os Argonautas ocupa um lugar muito
importante na mitologia grega. Ele relata a expedição heroica que cruzou pela
primeira vez mares e terras desconhecidas repletas de perigo, em busca do velo
de ouro, um tesouro a que se atribuía o poder de trazer prosperidade e riqueza
a quem possuísse. O livro do escritor
grego Menelaos Stephanides não só nos leva a conhecer essa jornada heroica com
também a vingança de Medéia que trata sobre o amor e o ódio e também as suas
consequências.
Ela foi uma das personagens mais trágicas da Mitologia
Grega; filha do rei Eetes, de Cólquita. Medéia era muito cortejada por diversos
pretendentes, devido a sua inteligência, beleza e astúcia.
Um dia, Jasão – o líder dos argonautas - chega a essa região
da Cólquita em busca do Velocino de Ouro que era guardado por um terrível
dragão. Após ter se apaixonado perdidamente por Jasão, a feiticeira Medeia
resolve trair o próprio pai e também o seu povo. Dessa maneira, ela ajuda Jasão
a roubar o Velocino de Ouro e em seguida foge com o seu amado. O que ela não
esperava receber como pagamento por seu sacrifício era a traição de Jasão. E isso,
de fato, aconteceu.
Bem... resultado: Jasão sofreu as consequências. Uma
vingança tão terrível que acabou sobrando para a própria Medéia.
Editora:
Odysseus
Ano:
2004
Capa:
Comum
Páginas:
170
05
– O Conde de Monte Cristo (Alexandre Dumas)
O Conde de Monte Cristo é uma das obras de maior sucesso de
Alexandre Dumas, o escritor dos famosos livros Os Três Mosqueteiros e O
homem da Máscara de Ferro.
O enredo da história de Dumas se passa na França sob
período de Napoleão Bonaparte, que estava exilado na Ilha de Elba. Naquela
época havia um grande receio de seu retorno. Segundo a história, o imperador se
comunicava com seus correligionários através de cartas. Uma dessas cartas foi
enviada em segredo para um partidário de Bonaparte através de Edmond Dantès,
que desconhecia o conteúdo da carta que trazia consigo.
Então, o seu melhor amigo, Fernand Mondego, que por
sua vez era apaixonado pela noiva de Dantes, resolve arquitetar a sua vingança
juntamente com Danglars e o Juiz Villefort, no intuito de colocar seu amigo
como traidor da pátria atrás das grades. Dantes acaba sendo acusado
injustamente e enviado para o Castelo de If, uma prisão isolada no meio do
mar na qual o prisioneiro passou anos e anos encarcerado.
Ao fim de muitos anos solitários na sua cela, Dantès
conhece o pitoresco e fascinante abade Faria, um colega prisioneiro. Dantès e o
abade tornam-se grandes amigos e o primeiro recebe do segundo as preciosas
indicações para alcançar um fabuloso tesouro que está escondido num ilha. A
morte do abade permite a Dantès evadir-se com êxito da prisão e encontrar o
tesouro. Adotando a personalidade fictícia do Conde de Monte Cristo, Dantès,
com perversa precisão dá início a sua devastadora vingança contra todos aqueles
que o fizeram passar 14 longos anos na prisão.
Taí, se você aprecia um bom enredo envolvendo
vinganças de personagens, acredito que irão apreciar essas cinco obras.
Boa leitura!